W & L tem como pano de fundo a cidade de Ribeirão Preto, lugar onde viveu o autor, tratada com especial apreço. A Ribeirão Preto que surge nas instâncias e páginas deste livro está numa dimensão muito distinta daquela que se imagina para uma terra supostamente depositada no solo. Este talvez seja o livro mais complexo da produção henriquiana. Tudo nele conduz à supremacia dos sentimentos humanos. A impressão que se tem é que a ação neste livro se congrega a alguma coisa a mais que não seja somente o escritor que produz, mas a um ambiente externo mais favorável e que tira os limites de tudo que pode ser acontecimento que leve a uma ação posterior. Wilhelm e Louis são dois garotos especiais, provavelmente portadores da Síndrome de Down. Jamais as síndromes assim correlatas foram abordadas sob esse aspecto humano capital. Tudo que acontece em torno das duas personagens acaba por ser admitido como detalhe de grande importância no que se vê, se cheira e se olha. Diante disso tudo, Henriques utiliza a física quântica de uma maneira sub-reptícia, mesmo sem citações muito evidentes. A recepção de tudo que se aufere pelas personagens é muito mais elaborada do que seria por uma criatura em cuja mente estão instalados outros mecanismos de sobrevivência. Trata-se, no fundo, de mecanismo de sobrevivência, aqueles que são atados à conveniência do sistema consumista de alienação profana. Henriques procura redimensionar as sensações, por isso o caráter claramente espiritualista do texto.