As opiniões mais comuns a respeito de personagens como Waldo Vieria oscilam entre dois extremos. Para admiradores, é um mestre inigualável, modelo sobre-humano a ser seguido. Para opositores, é líder manipulador e excêntrico de uma seita maluca. Mas ambas opiniões são banais, superficiais. Elas se originam de um mesmo olhar etnocêntrico. É o olhar que vê o outro, o diferente, como estranho. Para os admiradores de Vieira, a sociedade em geral é o estranho, anômalo, e a conscienciologia (comunidade e doutrina ligadas ao mestre) é o familiar. Para os opositores de Vieira, a sociedade em geral é o que há de familiar, de normal , e a conscienciologia é o exótico, a aberração. A intenção deste livro é desbanalizar esse olhar, compreendendo tanto o biografado quanto os movimentos dos quais ele participou como produtos e reflexos da época, e respostas de setores sociais aos problemas em voga. O centro da presente pesquisa é Waldo Vieira (1932-2015), médico, ex-colaborador de Chico Xavier e fundador da conscienciologia. Mas o livro é útil não apenas para quem esteja interessado diretamente na história do biografado, como também para organizadores e participantes de comunidades intencionais, bem como para o público interessado na história do espiritualismo brasileiro do último século.