Este livro observa o estado da educação em Timor-Leste com um recorte no seu ensino de ciências na educação básica, especificamente a educação primária. Nesse sentido, procura respostas para indagações sobre como um país recente em sua autonomia, reconstruindo-se de longo processo colonial e posterior ocupação por outro país, constrói seu sistema educativo nas mais variadas frentes, sobretudo na escolha do seu currículo e na formação de professores. Aborda também os desafios do seu plurilinguismo diante da língua portuguesa como oficial para a instrução e sua baixa adesão pela população. Em busca de entendimento para a identidade timorense, empreende um estudo da sua história para estabelecer os fundamentos explicativos dos achados da pesquisa com estudantes da escola básica. Essa consiste em um estudo de concepções de conceitos de ciências entre duas amostras de estudantes, uma da escola pública e outra da escola privada, por meio de aplicação de situações-problema que versam sobre conteúdos presente no currículo de ciências. Como referencial teórico, em face aos desafios descolonizadores, utiliza a teoria pós-colonial em sua vertente educacional, ao tempo que conecta em seu princípio filosófico a uma abordagem fenomenológica. Além da pesquisa bibliográfica empreendida e do levantamento de concepções de conceitos científicos entre os estudantes, o trabalho faz uso de algumas autonarrativas produzidas durante um ano de trabalho com formação de professores em língua portuguesa no âmbito de Cooperação Internacional Brasil-Timor, em 2007, no Programa de Qualificação Docente e Ensino de Língua Portuguesa no Timor-Leste (PQLP). Entre os achados educacionais, pode-se apontar uma constante revisão do currículo da educação básica para adequações a políticas de governo; a dificuldade com a língua portuguesa como língua de instrução e a gradual diminuição de seu uso a partir das primeiras séries/anos do ensino primário; a imprecisão conceitual dos estudantes para as situações-problema utilizadas em face de problemas que vão desde a utilização de livros didáticos em português, passando também pela própria dificuldade dos professores com a língua portuguesa, por sua formação básica e pelo esforço do Timor em sua formação continuada.