O livro e o poema são o retrato de uma vida. Da minha vida. E por ficar órfão aos quatro anos, minha história começou a se tornar um drama a cada manhã.
Sem meu pai, cresci sem referência alguma. Em meio aos muitos conflitos da adolescência, numa tarde chuvosa de julho, no dia do meu aniversário, escrevi o poema "Voos" sem nenhuma pretensão literária. Era só um jeito que descobri de expor meus sentimentos, pois não dispunha de um amigo sequer que pudesse conversar e principalmente confiar. Da saudade e da falta que meu pai me fazia, às dificuldades e conflitos durante o período de domínio militar, algumas obras de protestos e outras de cunho religioso foram surgindo, passando por poesias românticas, amores impossíveis, utópicos, apenas frutos do meu imaginário. Se eu conseguisse reunir tudo o que já escrevi e perdi ao longo do tempo, com certeza teria uma coleção com algumas dezenas de livros… Mas, por enquanto, me basta esse pequeno "Voo".
Quem sabe não virão outros frutos das minhas muitas lembranças?
Meu amigo Dondinho José com certeza fará parte de alguma das muitas histórias que virão…