Para alguns, Deus dá a capacidade de perceber tudo e sofrer por tudo ou, pelo menos, a capacidade de assim sentir-se. Dessa dádiva, nascem os sensíveis e, daí, alguns poetas, que no seu ofício expressam a impressão de tudo e todos que o cercam.
O novel vate visa sua curta jornada até o presente e supõe na dor das paixões e na beleza da juventude haver a forma de sonetos, assim como Michelangelo visou David num bloco de mármore.
Três paixões o conduzem em seu lembrar através de uma coleção de inspirações, culminando nas lamentações de seus sonhos diluídos no ermo de quem sofre e canta ao mundo a pena de tanto apaixonar-se.
As raparigas, as mulheres, a figura feminina que viu encarnada em cada uma daquelas que tomaram sua atenção por uma fração de segundo, transfiguram-se, neste livro, em versos à prova do tempo, aspergindo vida.
Vivianus discorre em mais de setenta sonetos a primavera do viver, o desabrochar do coração, o encanto inocente da tenra idade feminil, a semente do amor. Tudo aos olhos turvos de quem por isso tanto afligiu-se, pois não é possível rir de tristeza, mas as lágrimas vertem nas maiores alegrias.