O livro Vivências de mães de bebês prematuros é fruto das experiências ligadas aos projetos de pesquisa e de extensão universitária desenvolvidos junto às mães de bebês prematuros internados em maternidades de Aracaju (SE) entre 2008 e 2016. Os trabalhos foram coordenados pelas professoras do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe Elza Corrêa Cunha e Margarida Britto de Carvalho.
Ao ouvir e conviver com as mães de bebês nascidos prematuramente, deparamo-nos com um universo repleto de emoções e sentimentos situados em polos opostos. A percepção dos filhos fraquinhos, com aparência doente e distante do que imaginavam, aliada aos sentimentos de culpa, impotência e frustração maternos, levam essas mulheres a uma espécie de crise emocional. Esta identificada por emoções e sentimentos permeados pelo medo e pela incerteza da sobrevivência, da melhora e do desenvolvimento normal do seu bebê. A miríade de sentimentos e emoções que as envolvem não se dissipam nem mesmo quando chega o momento tão almejado: a alta hospitalar. Ao contrário do coroamento de tanto sofrimento, inicia-se aí outra jornada de lutas, não raro, relacionadas às próprias redes de apoio, quando, por exemplo, alguns postos de saúde negam-se a atender aos problemas de saúde do prematuro. Por outro lado, novos aprendizados e alegrias anunciam-se para essas mães ao observarem sua criança se desenvolvendo, aprendendo a conviver com a família e a responder aos estímulos sociais.
As situações retratadas, tão marcadas nas nossas lembranças, foram expostas pelas mães participantes dos projetos em meio às partilhas das suas vivências na maternidade e/ou nas residências, quando das nossas visitas. Esperamos que as informações contidas neste livro – que tem como coautoras as guerreiras mães dos bebês prematuros – possam, antes de trazer respostas, suscitar questões a respeito da prematuridade e de todas as pessoas envolvidas nesse complexo fenômeno.