Nas décadas de 1950 e 1960, viveu-se no Brasil um momento de intensificação da arte engajada, marcado por um contexto no qual muitos artistas, no ímpeto de transformação da sociedade, incorporaram em suas obras, suas pretensões políticas. Essa concepção fez parte de um período onde as ideias de uma “cultura revolucionária” promoveram um discurso de que um país como o Brasil era capaz de produzir obras com caráter “nacional” e “popular”, a fim de superar seu subdesenvolvimento. Tais manifestações contribuíram para a estruturação de um meio de produção cultural definido pelo engajamento artístico.
Este livro discute as críticas e autocríticas produzidas a uma dessas experiências, a do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC da UNE), a partir do golpe militar de 1964. No intuito de repensar a avaliação crítica feita ao CPC, analisamos esta produção à luz de seu próprio tempo, compreendendo, assim, a historicidade da ficção. Para tanto, verticalizamos em uma peça teatral, Brasil – Versão Brasileira (1962), de Oduvaldo Vianna Filho, observando as diversas referências cênicas que possibilitaram a este dramaturgo dar forma a temas como o imperialismo, a aliança do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com a burguesia nacional, as contradições dentro do movimento operário e o tema da vanguarda revolucionária.