Natalício Barroso é mais um a render-se ao fascínio de Alfa-C. Em Viagem sem fim, ele encerra um grupo de homens e mulheres em uma grande nave espacial, cujo roteiro deverá levá-los ao astro maior do grupo estelar no qual os gregos viram a figura mista de um centauro, (,,,) Mas há uma grande diferença entre Viagem sem fim e as outras ficções que já li sobre o assunto, É que estas são ficções nada mais que científicas, Ou seja, nelas a preocupação do narrador é com a verossimilhança, com as tecnologias que tornariam possível a vida de centenas de tripulantes e passageiros nas condições do espaço profundo, E o pouco que se diz sobre o comportamento desses pioneiros ilhados no espaço é indigno do mais elementar manual de psicologia, (,,,) Já em Natalício, os dados científicos são alijados para o segundo plano, enquanto o primeiro permanece ocupado por personagens que agem como aflitos e contraditórios seres humanos e não como robôs bem calibrados e melhor lubrificados,
“Fosse eu um poeta, escreveria um poema no qual este mar sem ondas e sem espuma — o Firmamento — onde nadam as estrelas, terminaria, Ali, se pudéssemos aportar e atracar o nosso navio, talvez pudéssemos ver coisas maravilhosas — mais maravilhosas do que os mortos — vivos — e estarrecidos diante de nós”,
(Trecho de Viagem Sem Fim)