Sou poeta. Não que eu tenha estudado para isso. O fato é que um dia trombei com um verso. E era um verso de amor. Desde então eu escrevo versos de amor. Já tentei outras coisas. Já busquei outros caminhos. Tudo em vão. Em pouco tempo eu já estava completamente dominado pelos obsessivos versos de amor. Hoje essa minha dependência é tanta, que cheguei a terminar uma poesia dizendo: "pois não há quem não ame pelo menos para sempre". Agora levanto a bandeira dos versos de amor e, em tom de poesia, defendo o paradoxo de que o amor é essa loucura de buscar e se perder. E a quem tiver a cura que me deixe morrer. Sobre VERSOS VOAM Logo que nascemos um anjo bom vem do firmamento e, com um leve toque de seus dedos em nossos lábios, diz: "nunca diga a ninguém o que você sabe". Então passamos a vida toda ocultando nossos mais íntimos segredos que, graças ao pedido do anjo, nem fazemos ideia de que possuímos. Assim acontece também com os nossos versos. Eles não dizem completamente o que sabem, mas, quando lhes damos asas, esperamos sempre que voem cada vez mais alto e pousem sobre inúmeros corações. Os versos também são como os beijos - mesmo aqueles roubados -, pois todos têm o desejo de serem provados. Então provem! Provem os versos que os poetas escrevem e deem a eles o sabor que quiserem. Obs.: nos versos "Da bolsa segura / De um pai acanhado, / Saem à procura / Do anjo encantado. / São Cavalos Marinhos / Em sonhos dourados. / Percorrem caminhos / Jamais navegados", eu comparo os versos livres aos cavalos marinhos machos. São eles os responsáveis pela gestação dos filhotes. Na primavera, ao se acasalarem, a fêmea libera seus óvulos para serem fecundados pelo macho dentro de uma bolsa incubadora localizada no seu abdômen do pai (curiosidade e esclarecimento).