De onde vêm os sentimentos? As lamúrias, as queixas, os pecados, a concupiscência carnal e a ambição espiritual? São oriundos de onde? Seria mais fácil delinear o caminho do vento na expansão do firmamento celeste que divagar em tragédias simplistas. A poesia, que vem não se sabe de onde, povoa este livro com versos e versos. A poética aristotélica explicaria as coisas que poderiam acontecer, que poderíamos sentir ou pensar. Nisto, pois, se difere o poeta do historiador, porquanto seu mundo é o rico imaginário. Ele se desprende das carnes podres de um recipiente banal corpóreo, para revestir-se de imortalidade. Um poeta luta, não para ganhar o amor de uma mulher e sair na frente de meia dúzia de boêmios estúpidos e líricos, mas para preservar-se no tempo, a fim de se estribar sobre aquilo que é mais antigo que o mundo, a matéria e que ele mesmo. O tempo é uma constante no universo que dilacera e cura, que afasta e aproxima, e os poetas tentam lutar contra as suas garras ferozes. De onde vem a inspiração? Quiçá a morte ou algum deus terá pachorra para explicar, mas este livro está permeado por ela. Ou por elas? Convém dizer que o poeta tem um só coração? Que ama e amará deveras uma mulher de forma perenal? Ora, elas estão aqui, nestas letras, nestas rimas, nestes xingamentos e nessas sátiras construídas para criticar os outros e a si mesmo. Versos à Noite é uma obra mista, recheada por sujeitos poéticos que abundam no Breniverso. Uma obra simples, complexa, aceitável e estranha... que o autor até poderia chamar de sua imagem. Quantidade de páginas: 218 ISBN: 9786500050035