Em seu mais novo romance, André de Leones instiga o leitor a visitar o "nosso velho (centro-)oeste" brasileiro, pouco visto e explorado, dos anos 80.
Vento de queimada conta a história de Isabel, historiadora por formação e matadora por deformação. Seu pai, um ex-policial pistoleiro ― ou um pistoleiro ex-policial, já que não há como saber o que veio primeiro ―, trabalha para figuras poderosas e influentes no estado de Goiás. A relação dos dois, assim como suas práticas e seus hábitos, não é estruturada de maneira convencional ― neste vínculo, não se sabe quem é responsável por quem, quem deve ser exemplo para quem. O pai, por ser quem é e por fazer o que faz, de tempos em tempos expõe a filha a incidentes que não lhe dizem respeito, inserindo-a num trágico ambiente de ganância e violência. Estamos nos estertores da ditadura militar, no coração da república, e Isabel se vê cercada por "homens de bem" dos mais diversos tipos. E, às vezes, em ambientes assim, só é possível alcançar a saída atirando.
Autor de romances excepcionais, como Eufrates e Hoje está um dia morto (vencedor do Prêmio Sesc de Literatura), André de Leones traz em Vento de queimada um retrato de um país composto por beleza, mas também por horror. Descrito por Luisa Geisler, que assina o texto de orelha, como um "Taratino tropical", o livro é um convite, um chamamento, que vale a pena ouvir e atender.