Um edifício simples, com quatro andares e quatro apartamentos por andar, unidos em seu centro através das janelas basculantes dos banheiros por um vão. Por ali, ecoam sons, ruídos, conversas, banhos, cantorias. Em um domingo pela manhã, enquanto um morador ligado à astrologia lê sobre alinhamentos de planeta, um outro alinhamento ocorre: todos os moradores, cada um por seu motivo, entram em seus banheiros. São 87 segundos de total silêncio, até que surgem, pelo vão, três intensos, diferentes e perturbadores gritos.
Esse é o mote deste livro que traz, a partir dos gritos, uma incansável busca dos personagens por reconhecer quem gritou, compreender o vão do prédio e principalmente reconhecer seus próprios vãos. Com uma linguagem acolhedora, o livro vai desvendando a alma de cada um dos moradores do prédio — que poderia ser inclusive você — e leva a uma incômoda e intensa reflexão sobre os vazios de cada um.
Em alguns momentos, singelo, simples, agradável; em outros, provocador, insinuante, duro. Vão, mais que qualquer coisa, é um exercício de se olhar profundamente, além de um convite a reconhecer seus próprios vãos. É um texto que a cada página amplia o volume da percepção, aguça a reflexão e se encerra com uma aura provocativa de questionamentos. Você teria coragem?