Na atualidade, é necessário sabermos que, ao pensar no território amazônico, devemos considerar a diversidade das características ambientais e sociais que integram este importante espaço, que possui dimensões continentais, com diferenças geográficas internas significativas, que só enriquecem as culturas e modos de vida de seus moradores-usuários como um todo, e que vem sendo moldadas desde o período anterior à ocupação europeia, que iniciou no século XVI. Assim, o território amazônico é palco, produto e condicionante de dinâmicas territoriais diversas, onde as ações dos agentes modeladores do espaço são ativadas conforme o interesse de cada grupo ou empreendimento, aguardando os movimentos estratégicos de avanço ou recuo de interesses. Nesse sentido, empresas, organizações não-governamentais, sociedade civil, igrejas e o Estado tentam, estrategicamente, usar de suas influências para garantir a satisfação de seus anseios e vantagens. As mudanças que ocorrem nesta região refletem diretamente na vida social e no contexto ambiental geral, estimulando o surgimento de Terras Indígenas/TI, Unidades de Conservação/UC, cidades, áreas militares, atividades industriais, company towns, hidroelétricas, etc. Essas circunstâncias harmônicas ou antagônicas são razão e produto direto do tipo de uso e ocupação do solo e seus recursos naturais, mostrando que as formas e os objetos que antes não interessavam, ou que eram "ilimitados", na atualidade, adquirem um valor inestimável, fruto, sem dúvida, da escassez ou do aumento de demanda desses recursos, outrora abundantes e que refletem no embate de forças entre os diversos usuários do território, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Os textos dessa coletânea pretendem mostrar um recorte dessas dinâmicas sociais e ambientais, que são diversas, oriundas de extrativismos florestais, minerais e aquáticos, nesta região-país, com sotaques e culturas de riquezas incomparáveis, em que os habitantes coexistem com o ambiente, explorando ora sustentavelmente, ora predatoriamente, de forma consciente ou não de sua finitude, sabendo que, entender a Amazônia, significa reconhecer suas multiterritorialidades, compreendendo não somente sua riqueza natural, mas também social, a partir de sua capacidade de se recuperar sem a presença humana.