Os agrotóxicos são substâncias químicas utilizadas no controle de pragas e doenças de plantas. No Brasil, o produto é muito utilizado para aumentar a produtividade. Em 2019, os agrotóxicos foram reclassificados quanto à toxicidade humana, com base apenas na eficácia agronômica e na ampliação das vendas, sem apreciar os resultados da consulta pública, realizada anteriormente pela ANVISA. Com o afrouxamento das leis, via decretos e o uso sucessivo desses produtos tóxicos, fertilizantes químicos e sementes transgênicas, além do uso de outras tecnologias de ponta na produção de monocultivos de soja e milho, tem-se consolidado a perda da biodiversidade e a degradação ambiental. Contudo, os agrotóxicos estão presentes também no processo produtivo da Agricultura Familiar e o principal produto utilizado, tanto nos monocultivos quanto nos policultivos, é o Glifosato. Os principais desafios enfrentados e relatados pelos agricultores familiares das quatro áreas estudadas, embora em dois contextos produtivos diferentes, se assemelham, demonstrando que nas atuais condições cresce a insustentabilidade da manutenção da agricultura familiar como força produtiva de alimentos diversificados no Brasil. Acrescenta-se, ainda, que os alimentos produzidos rendem até 71% mais por área do que os monocultivos, podendo ser fonte inspiradora de um novo paradigma para o modo de conceber a agricultura.