Em "Uns braços", acompanhamos o jovem Inácio, que vive na casa do solicitador Borges e divide o cotidiano com Dona Severina, cuja presença o impressiona desde o primeiro momento. Os braços sempre nus, hábito incomum para a época, despertam sua curiosidade e o deixam atento a cada gesto dela pelos corredores e salas da casa. A convivência silenciosa entre os dois cria uma tensão que Inácio, ainda muito jovem, não sabe bem como interpretar.
Numa noite, ele tem uma visão tão intensa de Dona Severina inclinando-se sobre sua cama que, quando desperta, permanece confuso e incerto sobre o que realmente aconteceu. A lembrança do suposto beijo o acompanha durante o dia, levando-o a observar a casa com mais cuidado, notar passos, portas, movimentos e sombras que possam indicar alguma presença noturna.
À medida que tenta reconstruir a madrugada anterior, Inácio oscila entre a suspeita de ter sonhado e a sensação de que algo concreto pode ter ocorrido enquanto dormia. O conto avança nesse jogo de incertezas, em que cada gesto e cada lembrança parecem esconder algo que Inácio ainda não consegue decifrar.