Universidades sob a mira do ódio apresenta as várias nuances do pânico moral que atualmente tem alimentado os discursos de ódio contra as universidades públicas brasileiras, evidenciando as muitas facetas de um autoritarismo adaptado às circunstâncias e aos contextos típicos do século XXI. Por meio das redes do ódio, os grupos autoritários têm buscado mirar as universidades de maneira camuflada, sob o pretexto de uma moralização das universidades. Entretanto, seu verdadeiro alvo, como em toda racionalidade autoritária, consiste em atacar pautas e princípios que movem as lutas por justiça social, como as questões de gênero, raça e classe social. Em um mundo onde não podemos mais aterrar, instituições como as universidades públicas podem se configurar em um espaço comum, em que pontos de vista se encontram, se associam, se estranham e "aparecem" uns para os outros, em escala local e global. Mas a outra dimensão do fato de que não temos onde aterrar é que a universidade pública foi compreendida pela lógica autoritária como um território a ser conquistado e dominado. Esse é um dos efeitos da crise democrática do nosso tempo, em que o pânico moral se manifesta, informando ao fanatismo que é preciso sitiar o senso comum, marcar os corpos e definir quem somos e quem não podemos ser. Em seu significado político contemporâneo, e diante de crises políticas, as universidades assumiram o papel de baliza social, elas são indicadores diagnósticos de práticas democráticas ao mesmo tempo que elas guardam as potencialidades de resistência contra os elementos desdemocratizantes do presente. Essas instituições são hoje uma ferramenta de análise política indispensável que nos informa sobre como nossas práticas discursivas estão próximas ou distantes do autoritarismo.