Este livro marca a tão aguardada estreia da poeta carioca Juliana Krapp, embora seus versos já circulassem desde início dos anos 2000, quando a autora começou a publicar esparsamente em revistas e antologias no Brasil e em outros países, encantando e desconcertando leitores.
Uma volta pela lagoa é uma reunião desses poemas, que se caracterizam pelo jogo entre profusão e contenção de palavras. Mistura atípica, aliada a uma contundência, que deu à poética de Krapp uma dicção singular no panorama da recente poesia brasileira.
Poemas recentes, mais longos e com versos que pressionam a palavra contra a margem da página, também compõem esse volume. A profusão aqui se dá de modo mais discursivo e caudaloso – e nem por isso menos concentrado e condensado.
Imagens como as do coágulo, grumo, gomo e punção são recorrentes nos poemas da autora e falam, entre outras coisas, das diversas formas de feridas que se acumulam sobre os corpos da língua, alvos históricos de violência, como os corpos das mulheres.
O poeta Ricardo Domeneck escreve na orelha do livro: "A investigação da autora trabalha com uma linguagem e um corpo específicos, recusando-se a falar como abstrato membro da espécie — sem gênero, sem História, sem dor própria. Ela está sempre atenta ao símbolo que é signo".
O livro com os poemas de Juliana Krapp foi muito aguardado. Agora, com ele em mãos, podemos "colar o ouvido às conchas / procurando / desentranhar um uivo uma fenda uma / possibilidade de voz talvez a única / que ainda ressoe".