Ao reconhecer a insurreição jamaicana como uma espécie de guerra, Vincent Brown dá um importante passo para uma nova cartografia da escravidão atlântica.
Em pleno século XVIII, auge do colonialismo europeu, a mais séria ameaça à soberania britânica no Caribe não veio de nações rivais como a França, a Holanda ou a Espanha, mas de africanos escravizados e seus descendentes. Trata-se da insurreição jamaicana que se estendeu de abril de 1760 a outubro de 1761, composta por uma série de rebeliões e genericamente conhecida pelo nome da primeira delas, a Revolta de Tacky. Em dezoito meses de levante, entre avanços e reveses, os rebeldes chegam a vislumbrar a conquista da ilha. Acabam derrotados. Mas os ecos da revolta vão longe e influenciam tanto a Revolução Americana de 1776 como a Revolução do Haiti, em 1791.
Mais do que um confronto entre senhores e escravos, o ciclo de revoltas de 1760-1 foi uma guerra dentro de um complexo de conflitos que interligavam África, Europa e Américas. Numa ponta, havia o acirramento de guerras no continente africano, produto de rivalidades atiçadas pelo avanço do tráfico negreiro. Na outra, as revoltas de escravizados nas colônias operavam como extensões desses conflitos, e frequentemente tinham entre seus líderes pessoas com larga experiência militar acumulada em África. Ligando as duas partes, as potências imperiais guerreavam tanto em território europeu como em suas possessões ultramarinas.
"Brilhante e inovadora, uma visão original do nascimento da liberdade moderna no Novo Mundo." — Cornel West
"Com pesquisa refinada, escrita elegante e densidade analítica, Vincent Brown mergulha no background cultural e político dos africanos coromantis, nação de reputação rebelde entre senhores caribenhos e cuja organização e táticas militares moldaram a insurreição jamaicana, uma das maiores revoltas de escravizados do mundo moderno. Uma guerra afro-atlântica é exemplar em articular as tradições da África e as experiências da diáspora para compreender o movimento que pôs o império britânico no Caribe em sobressalto." — Carlos da Silva Jr., professor de história da África