Os discursos produzidos no entorno da Festividade de São Benedito, na Vila de Carapajó, Cametá/PA, são interpretados nesta obra como práticas culturais que vêm continuamente sendo (re) significadas. Assim, nas vivências e experiências cotidianas dos sujeitos sociais, busca-se compreender a festa, sobretudo para o preto, como um espaço discursivo, de sociabilidade, lazer, autoafirmação identitária e resistência. Traz-se, então, a festa não como uma forma linear de cultura, mas como uma prática que se dá no movimento. Por ser densa, representa disputas, encena conflitos que se fazem ou se valem de diversas estratégias que percorrem sua historicidade, dessa forma ressignificando-se até que chegasse ao seu formato atual.
A festa de São Benedito torna-se um campo promissor para que façamos um exame do contexto sócio-histórico que ali emerge, pois percebe-se a ocorrência de intensas trocas sociais, que não se resumem ao âmbito da festa, elas, em geral, tendem a ir mais longe, perpassam para as relações entre comunidade, escola, igreja, adentram os mais variados ambientes de trabalho e consumo que dão ao culto esse caráter singular. Assim, assume-se um papel importante na manutenção de uma identidade e tradição festiva – há o reforço de laços que na contemporaneidade engendram alguns desdobramentos relevantes – a festa não é apenas o lazer – é política, economia, ideologia e representatividade social.