Em 1908, Alexander Bogdanov criou a distopia Estrela Vermelha (Красная звезда). O romance de ficção científica descreve a história de Leonid, um cientista revolucionário russo que viaja à Marte para aprender e experimentar a sua ideologia de um sistema socialista. Durante a viagem, ele se apaixona pelas pessoas e pela eficiência tecnológica que encontra neste novo mundo.
O protagonista é também o narrador da história, confessando logo nas primeiras páginas que suas diferenças ideológicas em relação à revolução eram extremas demais para que ele vencesse, refletindo um pouco da história do autor. É nesse ponto que o protagonista, informalmente conhecido como Lenni (esse nome te lembra alguém?), é visitado por Menni, um marciano, disfarçado no planeta Terra. Menni convida Leonid para ajudar em um projeto destinado a estudar e visitar outros planetas, como Vênus e Marte. E é aí que a nossa história começa. Note que a obra foi publicada anos antes da revolução russa, que se iniciou com a derrubada do governo monarquista do Czar Nicolau II e culminou na criação da União Soviética.
A primeira edição da obra foi publicada em 1908, em São Petersburgo, sendo republicada, dez anos depois, em Petrogrado e em Moscou, com uma nova edição em 1922, em Moscou. Em 1913, Alexander Bogdanov publicou uma sequência, intitulada O Engenheiro Menni , que detalhava a criação da comunidade comunista em Marte, ocorrendo cronologicamente antes da história retratada em Estrela Vermelha . O autor tinha ainda a pretensão de fechar a história com um terceiro livro, e chegou a escrever um poema chamado Um Marciano Encalhado na Terra , um esboço do novo romance, que não chegou a ser concluído, em virtude do seu falecimento. O livro foi adaptado para o teatro em 1920 e só foi novamente reeditado em 1979, em uma versão adaptada para uma coleção de ficção científica.
Este livro influenciou diversos outros autores, como o estadunidense Kim Stanley Robinson, especialmente conhecido pela premiada obra Trilogia de Marte , que tem como protagonista Arkady Bogdanov, em uma clara homenagem a Alexander Bogdanov.
Quando decidimos traduzir a obra para o português, pensamos inicialmente em publicar os livros separados em dois volumes, no entanto, optamos por levar ao público uma versão semelhante à última edição publicada nos EUA, com os dois livros na ordem em que foram lançados e também o poema adicional. Esta edição conta ainda com alguns poemas do autor e a noveleta Festival da imortalidade, onde o autor une os romances Estrela vermelha e O engenheiro Menni, retratando, em contraste a eles, não o passado ou o presente marciano, mas o futuro dos terráqueos, que há muito construíram um verdadeiro paraíso comunista, no qual o problema do envelhecimento havia sido resolvido graças à descoberta de uma imunidade milagrosa. O personagem principal da história, o brilhante cientista Friede, se assemelha de várias maneiras ao engenheiro Menni, do romance de mesmo nome. E assim, fechamos a obra em um único volume, a edição mais completa já lançada: Uma estrela vermelha.