O tema da pesquisa que deu origem a este livro é as formas de comunicação e consumo empregadas por atores sociais do universo do punk independente brasileiro, principalmente no meio digital. O ator escolhido para análise é Fábio Mozine e sua gravadora Läjä Records, um absoluto sucesso dentro da sua subcultura, com posicionamentos políticos fortes e coesos e uma criatividade sem igual (afinal de contas, Mozine é pai do Crackinho).
A principal pergunta que esta pesquisa busca responder é: o consumo de produtos e as mensagens da subcultura punk, com marcadores ideológicos claros, podem apresentar novas formas de resistência ou são uma espécie de diluição?
Essa ambivalência torna a Läjä (como caso representativo) um objeto interessante para análise. A busca é por compreender como se articula uma ideia de resistência via discurso e estética no contexto digital de atores independentes. Minha hipótese é que as novas formas de consumo digital possuem poder de mobilização política, podendo ser vistas como práticas de resistência no contexto das micropolíticas do cotidiano. Ao final da pesquisa, concluo que o sucesso da gravadora está diretamente ligado aos seus posicionamentos toscos, alegres, combativos e colaborativos. Nomeei esse fenômeno como estética do tosco.