No cotidiano escolar, parece que poucos foram os avanços rumo à educação inclusiva. As justificativas e os motivos para não ter a legislação atendida são muitos: falta de apoio e suporte do Estado, professores que não se sentem capacitados para tal, ausência de materiais ou recursos pedagógicos adaptados, falta de especialistas, barreiras físico-arquitetônicas que não favorecem o acesso a todos os ambientes e barreiras atitudinais na forma de preconceitos, discriminação e estereótipos em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento do aluno com deficiência. Entende-se que as justificativas e os motivos apontados sejam de fato dificultadores do processo de inclusão, mas não impeditivos.
Na Educação Física escolar, não se faz diferente. Alunos heterogêneos em um sistema que busca a homogeneidade, um processo histórico de desenvolvimento desse conteúdo curricular que reforçou (por crença na igualdade), e muitas vezes ainda reforça, as diferenças individuais não como identidades ou singularidades, mas como motivos para exclusão; favorecimento dos mais habilidosos, ênfase em atividades competitivas e consequente reforço do desinteresse daqueles que não têm as habilidades esperadas ou prescritas. Além disso, a nosso ver, não há na escola nenhuma outra disciplina em que o indivíduo esteja tão exposto, tão "a olho nu". Nessa exposição estão contempladas as facilidades/dificuldades motoras nas diversas possibilidades de se movimentar, as alegrias/frustrações de se conseguir ou não fazer determinada atividade e as alterações motoras e/ou sensoriais de uma eventual deficiência.
A partir do referencial teórico utilizado, especialmente das contribuições de Vigotski acerca do desenvolvimento e de suas formulações sobre o que se denominava, na época, defectologia, compreende-se que as crianças (com ou sem deficiência) devem estar na escola regular e ter garantido o seu direito de desenvolvimento e aprendizagem, num processo de educação inclusiva.
O livro Um retrato da inclusão nas aulas de Educação Física por meio de dissertações e teses produzidas no Brasil espera contribuir para que se enxergue o quadro da inclusão nas aulas de Educação Física de forma mais nítida e, a partir dessa imagem, pense-se em estratégias para minimizar a exclusão tão presente nas aulas, visto que, enquanto vivermos em uma sociedade organizada em classes, a inclusão plena não será possível.