Como pessoa, sempre achei interessante ficar acompanhada de mim mesma. Por isso, num primeiro momento, não tenho a representação da solidão como algo negativo. Porém, após anos de pesquisa, e ouvindo os relatos no consultório, pude constatar que as pessoas parecem preferir uma companhia ruim a nenhuma. Acolher a diversidade do fenômeno da solidão, e, porque não, de solidões, faz-me valorizar cada vivência presente nos relatos. Assim, este livro não busca tipologias ou conceitos, embora discorra a respeito, e sim apresentar a experiência propondo um olhar sobre a solidão e os relacionamentos interpessoais: amizade, família e relacionamento romântico. Em especial, faz-se um recorte sobre a experiência feminina. Também buscamos ampliar a perspectiva de nosso olhar ao apresentar o relato de mulheres brasileiras e mexicanas. Diante disso, o tema solidão aparece tanto na perspectiva unidimensional quanto multidimensional, em seus aspectos negativos e positivos.
Como psicóloga, e agora escritora, lanço uma proposta para a compreensão da solidão como uma participante inerente da dinâmica dos relacionamentos, demonstrando como essa experiência pode aparecer, assim como as alternativas para que não sucumbamos a ela. E ainda me atenho à ideia de que para estar bem consigo mesma é fundamental o autoconhecimento, e, para isso, deve-se buscar a solitude. Portanto, conclui-se que a solidão não é um fenômeno exclusivo, ainda que seja vivenciado individualmente, pois diz respeito ao que as pessoas desejam de suas relações e como lidam consigo mesmas.
Diante disso, este livro é um convite para compartilhar as solidões de cada um e de todos para que se possa ter condições de curtir a melhor companhia: você!