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Um homem morto a pontapés

Um homem morto a pontapés

Sinopse

Esta edição vem reparar uma injustiça histórica com a obra de Pablo Palacio no Brasil. Publicados originalmente em 1927, quando seu autor mal completara os 21 anos, o volume de contos Um homem morto a pontapés e a novela Débora são verdadeiros marcos da vanguarda literária hispano-americana que permaneciam inéditos. Pioneira tanto em seu aspecto formal quanto temático, sua narrativa é caracterizada pela inventividade tipográfica e por abordar temas anteriormente intocados pela ficção do continente, tais como canibalismo, violência urbana, doença, homossexualidade e bruxaria. Em defesa da imaginação e contra o predomínio do realismo em sua época, o autor equatoriano surgiu como elo perdido entre a Antropofagia de Oswald de Andrade e o modernismo de outros países da América Latina.

Pablo Palacio morreu no hospício onde passou o final de sua vida. Sua obra, durante muito tempo interpretada sob a chave da loucura, oferece agora a chance de ser lida como poética do incomum e do monstruoso, e uma radical experimentação com a linguagem que arranca o leitor de seu estado de conformismo. Essa estética do horrível, calcada no anômalo, procura enxergar no humano sua condição mais característica: a de ser único e irrepetível. Como afirmou a crítica de Adriana Castillo de Berchenko, em Pablo Palacio a página se torna espaço virtual e "um território de testes para sua escrita nervosa, incisiva, que avança arriscada e caprichosamente em um movimento de expansão como que buscando ou tateando os caminhos de sua realização".