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Um homem livre - Montaigne

Um homem livre - Montaigne

Sinopse

Muitos leitores de Montaigne – e dos melhores – guardam essa tônica da amizade: nele o leitor avança descobrindo um amigo. É assim o testemunho de Nietzsche: Só conheço um escritor que, honestamente, eu colocaria na mesma altura, se não mais, que Schopenhauer: Montaigne. E depois, ainda arremata com enorme gesto de largueza: De fato, que um tal homem tenha escrito, realmente a alegria de viver nesse mundo ficou maior. Às vezes faz parecer que Montaigne atravessou o tempo com um frescor muito salutar. Os Ensaios permitem links imprevistos, surpreendentes, que dialogam com muitas questões de nosso cotidiano: o impasse dos discursos radicais, dos absolutos de qualquer ordem; as questões de gênero; a aceitação da alteridade; a recusa de toda violência; a necessidade de guardar a autonomia num espírito crítico sempre atento; sobretudo em tempos turvos. Sem abrir mão dessa alegria que é a tônica de seus textos.Sainte Beuve diz que ele é o vizinho de todos nós. Não creio que haja muitos filósofos que sejam lidos com tal acolhida calorosa. Quem leria assim Kant ou Aristóteles? O modo de Montaigne traz alguma coisa que de repente o faz familiar. Albert Thibaudet considera que é por sua concepção de amizade: próprio de quem ensaia uma conversa como quem estende uma ponte; doação, abertura, confiança. Isso torna os Ensaios um jubiloso e oportuno exercício de encontro e acolhida. Ler Montaigne é descobrir um amigo.