Intriga política, espionagem, anticomunismo, manipulação, morte. Em Um espião silenciado, Raphael Alberti mergulha em extensa e bem documentada pesquisa sobre o nascedouro da ditadura brasileira, de onde resgata a história do jornalista José Nogueira, redator-chefe do jornal Tribuna de Notícias, do Rio de Janeiro, órgão da Cruzada Brasileira Anticomunista, e que atuava como agente do Serviço Secreto da Marinha. Apesar da sua inegável posição ideológica, Nogueira passou a denunciar falcatruas e manipulação da verdade envolvendo organizações anticomunistas e os destinos políticos do Brasil, no início dos anos 1960, podendo ter atuado como agente duplo. Um desses órgãos era o Ibad, que financiava ações anticomunistas e a eleição de poilíticos de direita, visando minar a trajetória de João Goulart. Após ameaçar divulgar documentos relacionados ao Ibad, Nogueira foi atirado do terceiro andar do prédio onde morava, caindo a uma grande distância e apresentando ferimentos incompatíveis com o laudo de morte por queda acidental. Tinha apenas 29 anos. Foi ao pesquisar sobre a CPI do Ibad-Ipes, criada em 1963 para apurar suas ilegalidades, que Raphael Alberti encontrou uma discreta referência ao espião esquecido pela história. Sua investigação, que durou oito anos, resultou num livro que lança luz sobre fatos decorrentes dos interesses americanos na América Latina, e sugere caminhos para novas pesquisas aprofundadas sobre o período.