Neste realismo fantástico, o narrador desvela as inquietações da "alma" humana, "passeando" pelos sentimentos que ele mais despreza: fé, ganância e ressentimento, definidores do Zeitgeist, o espírito de nosso tempo absurdo. Denuncia, por intermédio de histórias ficcionais, crimes contra crianças, mulheres e vulneráveis, como pedofilia, prostituição infantil, violência doméstica e trabalho infantil degradante. Horrorizado, narrando, porém, com humor e sarcasmo, recusa-se a "jogar pra galera" ao não julgar moralmente os protagonistas. No quarto final de sua vida, afloram, repentinamente, os "ruídos" da alma que estavam abafados pelo cotidiano de muitas responsabilidades. Ao perscrutá-la, não encontra desespero, tampouco esperança. Escolhe não mais resignar-se frente a esses "ruídos", agora ensurdecedores, optando, sereno, pelo suicídio consciente. O narrador lança o dilema: resignação ou suicídio?