Neste romance, Fernanda Young troca o humor ácido por um tom amargurado para contar, em primeira pessoa, a história de uma mulher sem nome que escreve ao pai moribundo, com quem não fala há anos. Tudo que você não soube traz o conteúdo dessa longa carta, na qual a personagem faz um resumo detalhado da sua vida, dividida entre o desejo de chamar a atenção do homem que a colocou no mundo e a vontade de chocá-lo com suas revelações.
Em uma narrativa sem ordem cronológica, a protagonista traça um parâmetro entre seus traumas de infância e a mulher que se tornou: sóbria, dissimulada e imersa em um poço de desamparo e solidão, embora as aparências mostrem alguém que leva uma vida normal. Na maior parte do tempo, ela tem uma rotina de luxo ao lado do marido e dos filhos, mas, durante as madrugadas, se dedica a examinar o passado e mexer em feridas ainda abertas.
No fundo, a protagonista é carente como qualquer pessoa, sempre em busca da aprovação do outro. Ao exteriorizar sua raiva, ela mostra de que forma reagiu à dor e encontra uma maneira de não ceder à hipocrisia que a cerca. Embora cada frustração seja única e impossível de ser compartilhada, os leitores percebem que ninguém está sozinho na dor, mesmo que o sofrimento seja uma experiência individual.