Visionário ingênuo, patriota obstinado, mofino fanático. Policarpo Quaresma é um dos personagens mais marcantes não só do pré-modernismo brasileiro mas da literatura em língua portuguesa como um todo. Imbuído das melhores intenções, esse herói trágico, taxado de louco, vai se haver com as contradições e hipocrisias de uma sociedade em profunda transformação, no contexto da Primeira República.
Publicado em livro em 1915, Triste fim de Policarpo Quaresma traz Lima Barreto em sua melhor forma, desenvolto e profundamente irônico. A geografia do Rio de Janeiro é personagem importante, com os subúrbios vivos, "refúgio dos infelizes", cheios de "caixotins humanos", antípodas do bota-abaixo higienista de Pereira Passos – urbanista que queria, como dizia Barreto, despir a cidade do que lhe era mais característico.