São três novelas. Totalmente compreensíveis quando lidas isoladamente, mas quando em conjunto ampliam o sentido da história. Aparentemente, falam de coisas desconexas entre si, mas que revelam verdades sutilmente maquiadas e apresentadas somente quando se imbricam as três histórias. O que haveria após a nossa morte? Que tipo de consciência remanesceria numa existência sem tempo nem espaço e, por isso mesmo, sem referências? Do mundo dos mortos, se o há, até que ponto é possível influir no mundo dos vivos? E o que tem isso a ver com a história de um lobo solitário, o lobo da estepe, que, após uma vida inteira de desencontros no amor e no sentido de satisfação da vida, descobre em um misterioso manuscrito a fantástica história de si mesmo? Que revelações aquele manuscrito traria? E, ainda, que mais teriam essas duas histórias a ver com uma aventura amorosa via redes sociais? O desvario e a solidão do mundo pós-moderno conduzem toda a sociedade a relações virtuais, só de superficialidades, que, mais do que somente líquidas, são irreais em todas as dimensões da existência, seja a material, seja mesmo a espiritual. Cada uma das singelas novelas revela sua história e suas reflexões sobre um tempo fugaz de duas semanas; sobre uma vida inteira; ou sobre o não tempo onde não há matéria. Mas as três histórias juntas revelam mais outras reflexões, dando um outro sentido ainda mais completo às pequenas novelas. A ordem da leitura não faz diferença. Talvez mesmo revele ainda mais e mais outros sentidos e outras reflexões ao leitor, das que nem mesmo o autor foi capaz de cogitar. Há nisso tudo uma fugaz inspiração em Julio Cortázar, guardada a natural proporção entre a grandeza do argentino e a pequenez do autor das três novelas.