As autoras, Fernanda Pougy e Maíra Motta se conheceram como editoras da extinta Revista Hiato. A partir desse encontro, criaram o Movimento Trema, plataforma digital para produção e divulgação textual, que durou 3 anos, de onde ecoam muitas das palavras e das construções deste livro.
O livro apresenta um diálogo composto de prosa poética, entremeando os textos das duas autoras como em uma conversa, em uma confabulação pouco convencional tecida sutilmente entre elas.
A partir de fatos cotidianos, como a espera em um ponto de ônibus, uma consulta oftalmológica, uma ligação para central de atendimento, os textos propõem uma reflexão sobre o próprio uso da linguagem e brincam com a linha tênue que existe entre o trágico e o cômico dos dias. Isso é o que Fernanda e Maíra fazem de melhor nesse livro, elas observam muito bem o que nos é habitual e trazem sobre esses nossos fatos e atos de cada dia uma pitada de extraordinário, de lirismo.
Para completar o livro e essa conversa, a obra conta com desenhos e com o design gráfico de Flávia Trizotto, que participou da idealização do projeto Movimento Trema com as duas autoras.
Como dito (escrito) pelas próprias autoras:
"Desde que o trema, tal qual sinal ortográfico, foi abolido da língua portuguesa, ele retorna como um exilado da escrita — pois
da ponta da nossa língua falada, ele nunca foi embora. Por exemplo: tente dizer "consequência", em voz alta. O "u", que pela norma seria mudo, ainda ressoa."