Ao contrário do que encontramos na maioria dos escritos de historiadores, neste livro os corpos se fazem presença, nele se faz o relato histórico do regime de corpos, dos modelos de corporeidade, das técnicas de produção corporal, das tecnologias de fabricação de corpos, que se fazem presentes e se modificam entre os anos 70 e 80 do século XX, mais especificamente no Brasil e na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará. Travestis: carne, tinta e papel faz a história da produção de corpos transgressores, de corpos transgressivos, de corpos trans. Ele trata da emergência pública do sujeito travesti, de como esse lugar de sujeito foi produzido e habitado historicamente no Brasil. Redefinição do próprio conceito de travesti, que deixa de ser algo que se porta, que se veste, que se desfila com ele, para ir se tornando uma condição, um lugar de sujeito, um ser, uma identidade de gênero, que vai se deslocando do masculino para o feminino e que, mais recentemente, é incorporada às identidades designadas como trans, de transição, de transversalidade, de atravessamento das fronteiras binárias definidas social e culturalmente para os sexos e para os gêneros.