"Transposições" reúne as três dramaturgias vencedoras do II Concurso Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio na categoria adulto.
Na peça "Isto não é uma conferência-performance", de Eduardo Aleixo Monteiro, um conferencista-performer apresenta um trabalho acadêmico, ajudado por um Ator e uma Atriz. A obra traça um paralelo entre as ditaduras militares argentina e brasileira, além de trazer o debate para a contemporaneidade através de depoimentos colhidos pelo autor e do teatro de Lola Arias.
Em "Precisamos falar sobre a morte", de Ticiane Simões, a autora, com seu texto, nos proporciona um mergulho dentro de nós mesmos, desfolhando as mortes com as quais convivemos ao longo da vida e nem sempre percebemos. As mortes que empurramos para debaixo do tapete; as mortes experimentadas por atrizes e atores quando o pano se fecha e as luzes se apagam; as mortes da população negra neutralizada pela branquitude opressora europeizada; aquelas de quando sufocamos as palavras e morremos por dentro; ou quando temos de conviver com as perdas, as frustrações, as relações finalizadas ou convivemos com a solidão e somos a nossa própria companhia; a morte dos suicidas e, por fim, a morte ficcional que nos dá a constatação de que sua matéria-prima se encontra no plano real e de que o artista é produto do emaranhado de verdades e mentiras que se entrelaçam e tomam vida quando as fisgamos e colamos no plano da arte.
No texto "O que esperar quando NÃO estamos esperando", de Michelli Montaño, a palavra de ordem da narrativa é esperar. A espera que faz parte do jogo da vida e da cena. Nos deparamos com uma mulher, Renata, repassando sua trajetória de vida enquanto aguarda a chegada da sonhada gravidez. São inúmeros os processos e as tentativas que vive a personagem durante esse período, o que constitui o teor central da trama.