Davi não dissimula suas reais emoções. Nem as esconde, ao escrever de si mesmo. São mais do que lágrimas que correm sua face afora. Ele chora para entender a si mesmo e o que acontece a sua volta. O choro embala a comunhão com Deus. Rega a semente que desabrocha numa verdade crucial. Traz de volta a confiança. Seu choro não é sem sentido. Não é o lamento ou a birra de um bebê imaturo. Davi chora o choro do homem que encontrou a resposta. Apesar da situação desesperadora em que ele se encontra, ele compreende que é possível estar em paz. Ele deposita as lágrimas no odre de Deus. O odre é um recipiente feito com pele de animal, com o qual os hebreus carregavam líquidos como água e vinho. O vinho era parte crucial da mesa dos judeus. Além de completar a dieta, simbolizava alegria, vida e prosperidade. Davi deposita as lágrimas do sofrimento, da angústia, da dor, da rejeição e das feridas no odre de Deus. Deus as transforma em vinho, em alegria e vida. Suas lágrimas são a chuva da alma.