O livro intitulado Trabalhadores e trabalhadoras rurais boias frias: exclusão, imprensa e poder, discute, por meio da História Oral e recortes de jornais de época, a trajetória de experiências de lutas e de sobrevivência dos trabalhadores rurais da cana circunscritos no campo da produção do setor sucroalcooleiro, em usinas de açúcar e álcool do interior paulista.
Sob as perspectivas da história e imprensa, de processos trabalhistas e da História Oral, a obra em apreço evidencia os arranjos e rearranjos nas relações entre política regional, experiências de trabalho, produção em larga escala e poder político no mundo do agronegócio.
Preenche, decerto, lacunas nem sempre acidentais, desvendando práticas, representações e apropriações ao revelar ocultamentos e ambiguidades. Propõe por intermédio da História Oral a análise das interfaces da compreensão que os trabalhadores rurais da cana detinham sobre a implementação da tecnologia em larga escala no setor sucroalcooleiro paulista, lócus de tensão e poder com fulcro na substituição do corte manual da cana pelo corte mecanizado. Desvela, também, o engajamento político dos trabalhadores rurais da cana em alguns momentos da obra, sem negligenciar a trajetória de vida, diferentes práticas sociais, estratégias de ação política e formas de sobrevivência no complexo "mundo do trabalho".