As diversidades sempre estiveram presentes na nossa sociedade. Nos últimos anos, com o aumento de garantias de direitos, percebemos que a diversidade sexual ocupa espaços no campo educacional que não imaginávamos, mas sabemos que as discussões e as reflexões são, ainda, muito incipientes. Para criar veredas de inclusão, os escritos de Antonio José de Souza são um diálogo potente e sensível sobre a identidade de professores negros gays do Nordeste do Brasil. Homens atravessados por estigmas, preconceitos e discriminações, e profundamente sensíveis às violências direcionadas aos seus corpos, quase sempre desde a infância. São diversos os dilemas que vagueiam pela mente do professor negrogay, grafia cunhada pelo autor, Antonio, para demonstrar o quanto os processos de exclusão concomitantes – racialização e de homofobia – estão impregnados na vida de seu interlocutor, Rubião Bovary. A obra de Antonio Souza desenvolve também reflexões sobre a alteridade, entre o Eu-Outro; como nossas identidades são fruto da nossa interação com o meio, que nos tornam Nós ou Outros e que, no caso de Rubião, sempre foi o Outro. Em nossa sociedade heteronormativa-racista, pessoas de melanina acentuada já sofrem com as vicissitudes da vida ao associar a um corpo antagônico a supremacia do macho brasileiro; logo, serão muitas as privações a que esses corpos estarão submetidos.
Denise Botelho
Professora Associada do Departamento de Educação
DED – Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE