Darren Eberheart arremessa a bola branca no meio da festinha de sua turma na Topeka High School. A bola, girando no ar como a lua, parece que esteve lá a vida toda. O ano é 1997, e o gesto de violência, aparentemente gratuito, desdobra – em diferentes esferas, da família, da ideologia e da linguagem – todo um passado e todo um futuro urdidos naquele Meio-Oeste estadunidense.
Com necessidades especiais, Darren está no último ano do colegial e é colega de Adam Gordon, que faz de tudo para integrá-lo àquela pequena comunidade escolar, mas não sem alguns resultados desastrosos. Além de poeta aspirante, Adam é um destacado orador nos torneios de debates da escola, e se prepara para vencer um campeonato nacional antes de seguir para a faculdade. É, definitivamente, um dos garotos populares de Topeka, ainda que necessite de muitas idas à academia, sessões de biofeedback e suplementos de creatina para não expor suas fraquezas em um ambiente de masculinidade tóxica.
Em casa, porém, as coisas são um pouco mais complicadas para Adam. Seus pais são psicanalistas da Fundação, um prestigioso instituto psiquiátrico em Topeka que atrai pacientes de todo o mundo. Jane, a mãe, que sofrera abuso sexual quando criança, torna-se uma famosa escritora feminista. Jonathan, o pai, atende a adolescentes, inclusive a Darren, sem que Adam saiba disso – embora vá descobrir outras coisas impactantes sobre o pai.
Narrado em diferentes pontos de vista e em tempos que se entrecruzam, Topeka School é um drama familiar sofisticado que reflete sobre padrões que se repetem ou se rompem de geração para geração. É também uma narrativa política, que entrelaça as tecnologias emergentes nos anos 1990 e os campeonatos de debates nacionais ao que eclodiria no início do século XXI: o colapso do discurso público e o advento da pós-verdade.