O livro Théophile Gautier – Escritor de Narrativas: o fantástico e o amor romântico em Avatar apresenta a contribuição do francês Théophile Gautier à fortuna crítica da Literatura de Modalidade Fantástica, destacando em Gautier, o escritor de narrativas; afinal, sua produção poética tem lugar eminente ao lado de Hugo, Nerval e Baudelaire, no entanto, quanto à sua produção de narrativas, é pouco mencionado nos estudos críticos e nas histórias da literatura do meio acadêmico brasileiro. Assim, a presente obra exprime uma espécie de tributo ao escritor supracitado e, ainda, reconhecimento à sua notável produção, especialmente a narrativa, propondo aos estudiosos da vasta produção de Théophile Gautier um fascinante patrimônio de reflexão, atual e dinâmico, ingressando-os a uma leitura envolvente, na qual as questões do Romantismo francês se mesclam às surpreendentes experiências escriturais fantásticas por meio de uma arte densa e inquietante que traz à superfície o corriqueiro a partir de um ponto de vista extraordinário.
A autora destaca a obra Avatar como sendo a mais exemplar e genuína, entre as produções fantásticas de Gautier, cujos desdobramentos ficcionais propiciam nobres exaltações, a partir de uma abordagem que retoma o amor romântico, bem como as manifestações do sobrenatural através das temáticas do duplo e do efeito do olhar para o desenvolvimento de nossa força interior, robustecida pelo Belo artístico e com a maestria de um canônico como Gautier.
O destaque das produções das narrativas de Gautier evidencia o cuidado de não deixar que passem sem o conhecimento do público leitor como, por vezes, ocorre com muitas flores que devem ter existido sem que nunca alguém as tivesse apreciado, mas nem por isso deixaram de exalar seu perfume. Então, se o momento decisivo da vida literária é a leitura e, conforme o próprio Gautier, "ler-se um escritor é entrar em comunicação espiritual com ele", possa o leitor deleitar-se nessa imersão ao universo theophiliano no qual suas personagens defrontam com o fantástico que se insinua quase sempre nos acontecimentos mais comuns em razão das coisas e seres que as rodeiam tornarem-se tão estranhas e singulares, a ponto de lhes causar estranhamento expresso através do sobrenatural.