Em uma corrida frenética Alisson corre desesperado tentando fugir e entender ao mesmo tempo. Ele não sabe onde está nem onde foi parar. “Talvez eu esteja louco, todos esses anos vendo séries e histórias em quadrinhos enfim me colocaram de encontro com Dionísio Deus do vinho e da loucura.” A escuridão reina de modo diferente o que seria a luz da lua era vermelho quase vinho, e onde ele juraria que deveria ser terra era cabelo. Ele sabia que era cabelo porque tinha caído de boca no chão ao longo da corrida e um pouco entrou na sua boca. Era como se quilos e mais quilos de cabelo húmido e compactado estivessem esparramados pelo chão mais longe do que os olhos conseguissem alcançar. Passos rápidos são ouvidos, e o barulho de gritos de dor e choro, “as pessoas do ônibus” pensou Alisson. “puta que pariu todo mundo já deve estar morto ou morrendo uma hora dessas” a neblina cor de vinho impedia Alisson de ver seus perseguidores. Mas não de ouvi-los. “Já vi muita coisa na minha vida mas isso é um absurdo” e continuava correndo. A vastidão de cabelos deu lugar a água. E algumas pedras que pareciam ser feitas de ossos. Mais isso não era um passeio, não dava tempo pra parar e apreciar esse lugar maluco onde ele estava. Os gritos pararam. Tudo que ele ouvia era um chiado estranho como de uma tv antiga sem sintonia e seus passos apressados na água, que agora batia no meio da canela. O coração acelerado de Alisson parecia sincronizado com seus passos apressados. Parando para tomar um fôlego perto do que poderia ser descrito como uma árvore caso seu tronco não estivesse revestido de um tipo de pelo animal e onde deveriam estar suas folhas estavam cabelos ruivos e crespos bem volumosos, Alisson encostou inconscientemente na “árvore” e afastou-se imediatamente quando sentiu o calor que emanava dela. Era como se estivesse tocando em uma criatura viva. Tinha carne ali mas era em formato de árvore. No susto ele caiu sentado na água e viu que era uma floresta dessas árvores de carne. Com as mãos no chão feito de cabelo ele levantou em um salto e ficou olhando ao redor quando notou uma silhueta de uma menina de vestido branco sujo aleatoriamente de sangue principalmente da altura da boca dela e isso nem era o mais sinistro. Ela vem se achegando à luz sem pressa alguma. Quando seu rosto apareceu, seus cabelos eram negros com alguns fios grisalhos espalhados. Seus olhos eram totalmente negros como os olhos de um cavalo. Mas o mais assustador nela com certeza era o sorriso altamente desproporcional que ia além das linhas do olhos quase chegando as orelhas literalmente. “ai merd...