Bem-vindo ao SoHo no início dos anos 1980: um terreno ainda hostil, não gentrificado, da cidade de Nova York, palco de uma renovação estética e cultural feita por nomes como John Baldessari e Jean-Michel Basquiat.
Neste cenário estão Raul Engales, um atraente artista plástico argentino que fugiu da perseguição da ditadura de seu país, e James Bennett, um crítico de arte com o dom da sinestesia, a incomum capacidade de misturar os sentidos que faz de seus textos obras singulares. Entre eles, Lucy Olliason, uma jovem radiante do Meio-Oeste americano, que chegou a Nova York aos 20 anos de idade "por causa de um livro e de um cartão-postal", e que não demora a despertar o interesse dos dois.
Em sua rara condição, o cérebro de James é um emaranhado de fios cruzados recebendo sinais de todos os lugares: enquanto ouve os quatro minutos e meio de silêncio de John Cage, ele é capaz de "sentir distintamente pimenta preta, chegando até a espirrar". Mas, por conta de uma tragédia familiar e uma crise depressiva, sua mente se fecha e nada pode invocar seus dons de volta, bloqueando totalmente a sua escrita. É somente quando vê uma das pinturas de Raul em um leilão que seus sentidos entram em combustão outra vez.
Mas Raul irá enfrentar sua própria crise enquanto conquista seu público. Poucos dias antes de sua exibição solo, ele sofre um acidente quase fatal, que lhe deixa marcas definitivas. Para complicar ainda mais, a chegada de um jovem órfão, enviado misteriosamente de Buenos Aires, exigirá que o artista acerte as contas com parte importante de seu passado.
Como uma carta de amor a Nova York, Terças à noite em 1980 faz da cidade uma personagem capaz de abrigar as figuras mais solitárias, um lugar onde raras condições neurológicas tornam-se uma qualidade comercializável, a pintura é um meio de escape de um inferno político e onde alguém pode sentir pela primeira vez o que é se apaixonar por uma pessoa que irá ampliar seu mundo.