Nesta seleção de três crônicas, Lima Barreto oferece uma crítica à estrutura educacional e intelectual do Brasil de sua época, revelando com ironia e lucidez os mecanismos que mantêm a exclusão social sob o disfarce da meritocracia.
Em "Tenho esperança que...", o autor resgata suas memórias escolares para destacar a luta das meninas para entrar na Escola Normal, expondo as barreiras enfrentadas pelas mulheres que desejam estudar. Defende, com firmeza, a ampliação do ensino público para o público feminino e denuncia a negligência do Estado em relação à educação igualitária.
Na segunda crônica, "A instrução pública", Barreto questiona o peso social do título de "doutor", símbolo de prestígio e poder no Brasil, sugerindo que ele serve mais como instrumento de exclusão do que como reconhecimento real de competência.
Por fim, em "Continuo", o autor aprofunda essa crítica à idolatria dos títulos e ao sistema educacional excludente ao focar no papel ideológico dos colégios militares, que segundo ele atuam como ferramentas de manutenção de uma elite autoritária, destoando dos princípios de uma educação democrática e republicana.
Com olhar afiado e ironia certeira, Barreto revela os vícios de um sistema que se apega à aparência e ao prestígio dos títulos, mas esquece o essencial: fazer da educação uma ferramenta de igualdade e mudança.