Nota do Editor Muitos livros passam despercebidos do editor, especialmente neste mundo corrido e egoísta, em que pessoas comuns são tão narcisistas quanto são os artistas, e, às vezes, mesmo eu, que tenho muito respeito pela obra dos outros, não raro também falho em perceber o que tenho em mãos para editar. Contudo, há casos em que não podemos calar diante da beleza de um livro de poemas como este Telúrico Lunático de Rogério Brito Correia. Tive, portanto, que ler esta obra, primeiro devido à provocação sutil de um poema, em que o poeta fala de um autor por quem tenho verdadeira "veneração". Lendo este e outros poemas, fui levado a ler a obra inteira. Então aconteceu o que chamo de encantamento e admiração inconfessáveis, para alguns poetas, admitir que há além de si mesmo alguém que faz boa poesia atualmente, é neste belo e singelo momento em que o poeta se rende ao zelo, compromisso e maestria de um colega. Aqui está um livro especial, pela sua musicalidade incomparável, sua riqueza de linguagem, e sobretudo pela maturidade da poesia, que encanta a leigos e eruditos. Foi um deleite sem igual, ler este livro com bastante atenção. Eu o li atento às fontes e raízes do poeta Rogério Brito. Ele nos apresenta sutilmente as suas influências clássicas, como Rimbaud, Nietzsche, Baudelaire, e os nossos poetas nacionais, como Manoel de Barros, Drummond, Bandeira e outros. Digo que para quem ainda não leu, Telúrico Lunático é um livro para se ter em mãos, quiçá na cabeceira, pois neste mundo de tantas escritas inúteis, achar algo de valor como este livro deve ser realmente um prodígio do acaso. Evan do Carmo 11/06/2018