O livro Teatro e acessibilidade: Mediações e práticas com atores e espectadores com deficiência visual é um guia teatral. Nada mais do que isso. Nada menos do que isso. Descreve relatos de três processos cênicos em que atores e espectadores possuem algum tipo de deficiência visual, sejam eles cegos ou com baixa visão. Permito-me ser afetuosa na maneira de escrever.
Permito-me ser e descrever aquilo que experienciei.
Com descrições detalhadas dos processos de montagem, ofereço também algum subsídio, em forma de planos de aula, adaptados para as nossas condições de sala de aula, para nossos intuitos formativos, mas, especialmente, este livro faz a vez de um diário de bordo em que até as angústias e os pensamentos mais internos são explorados e — em partes — resolvidos.
Nele, também falo um pouco sobre a relação do texto cênico até o surgimento do termo "dramaturgia inclusiva". Em especial, abordo os aspectos mais amplos de uma criação cênica elaborada com, para e de pessoas com deficiência visual.
Este livro tem o intuito de servir como um guia acadêmico e teatral para todos aqueles que, em algum momento do seu percurso, tenham o prazer de fazer teatro — estando no palco ou na plateia — de uma forma real, inclusiva e igualitária.
A obra propõe-se a investigar propostas metodológicas para a inclusão de pessoas com deficiência visual — cegos ou baixa visão — e videntes na prática teatral, como artistas e espectadores. O estudo analisa metodologias de criação e de montagem de espetáculos teatrais com estudantes do Instituto Paranaense de Cegos (IPC) como parte dos resultados dos projetos "Ilusão ótica: que falta nos faz a palavra" (2015) e "Teatralizando a educação" (2016).
Inicialmente, este estudo foi elaborado e desenvolvido como projeto de extensão, em parceria entre a Universidade Estadual do Paraná (campus de Curitiba II), a Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e o Instituto Paranaense de Cegos. Também foi realizado o processo de mediação cultural para pessoas com deficiência visual no espetáculo Cachorro, de Dea Loher, produção da Monstruosa Companhia de Teatro (2018).