Superstição no Brasil reúne três livros de Luís da Câmara Cascudo, publicados em épocas diversas, unidos pela afinidade temática:Anúbis e Outros Ensaios (1951), Superstições e Costumes (1958), Religião no Povo (1974). Erudito que escrevia com leveza e graça, Cascudo acompanha, numa viagem através de milênios, a misteriosa caminhada de superstições, hábitos, costumes e sua permanência em terras brasileiras. O primeiro livro estuda sobretudo crenças e tradições mágicas presentes na vida do brasileiro. Representado com corpo de homem e cabeça de chacal, Anúbis era no antigo Egito o intérprete dos mortos, aquele que encaminhava as sombras ao deus supremo, Osíris. Quase 4 mil anos depois, a sua presença permanece em vários aspectos do cerimonial e do culto aos mortos. Quase tão antigas quanto Anúbis são as preces e procissões para pedir chuva, já praticadas na Roma dos Césares, ou o costume de se ouvir o que as pessoas falam na rua, na certeza de se ter uma resposta (um sim, um talvez, um não) às suas dúvidas, prática comum na Grécia, há 3 mil anos, sob as bênçãos de Hermes, o Mercúrio romano. Superstições e Costumes estuda quarenta motivos presentes no cotidiano do brasileiro, vários deles de origem imemorial. Como a atitude de não olhar o rosto de uma pessoa, um símbolo de respeito já registrado na Bíblia. Ou a ameaça de se mijar na cova do inimigo, documentada em Roma, há mais de 2 mil anos. Religião no Povo é o resultado de quarenta anos de pesquisas sobre a religiosidade popular, a intrincada mistura de elementos pagãos no catolicismo popular brasileiro, os ritos do cotidiano, nascidos no seio da religião (tomar bênção), orações que perdem a força quando interrompidas, a força mágica do meio-dia, os castigos aplicados aos santos, e dezenas de outros motivos, numa fantástica viagem pelo tempo e a velha e crédula alma humana.