Com poemas fortemente articulados entre si e de vocação minimalista, Sol descalço evidencia o talento de Carlos Cardoso entre o que há de melhor na poesia brasileira contemporânea.
Nesta reunião de poemas, que inclui textos do início da produção literária do autor, Carlos Cardoso mostra sua força no contraste entre a poética da depuração e do verso discursivo, alinhavando referências religiosas e sacrílegas para criar uma poesia do despojamento, transparente, descalça.
Da apresentação de Italo Moriconi: "Sol descalço nos permite descortinar as fontes mais originárias da sensibilidade poética de Carlos. Se Melancolia evidenciava maturidade técnica e temática, composta por um corpo orgânico de poemas em torno do tema-título e das metáforas que o representavam (a principal sendo a figura da pedra), o presente volume é mais como um palimpsesto, em que podem ser discernidas camadas diferentes da evolução do poeta.
Um poeta que não luta com as palavras, como Drummond. Apega-se a elas como boias salvadoras em pleno perigo de naufrágio. Temos aqui uma poesia rascante, sem concessões ao sentimentalismo banal, mas que não deixa de mirar o amor."
E, ainda, nas palavras de Marco Lucchesi, que assina o texto de orelha: "Sol descalço reúne uma diversidade concentrada de tendências que confirma, uma vez mais, o percurso atento e sensível de um sol intenso e delicado."