Aqui dentro um sol de inverno assim branco, assim meigo, assim simples. Aqui o estilo novo do frio; o junho que se avizinha mudo; a promessa de vidro; a urgência doce, madura, quase calma, quase minha, quase assim. Aqui dentro o universo alheio diluído em mim, as pegadas dos que se foram sujando o chão da memória; as palavras prematuras incubadas no oxigênio; meu semblante sedado; os pensamentos em ordem alfabética, esperando edificação. Aqui uma pátria feita de mim, primeira e sempre fútil liberdade; as águas diárias já consumidas; o descanso e o vazio fundidos à insípida semelhança entre os extremos; a forma do novo repetindo-se, repetindo-se, repetindo-se. Aqui dentro um sol de inverno assim branco, assim meigo, assim simples. E o amor maior do mundo - semi morto – estendido nas cordas vocais.