Este livro busca refletir como ordens e desordens, em sua expressão destruidora e criadora, se manifestam em dinâmicas pesqueiras, em particular na porção central da costa paranaense. Partindo da crítica de que a natureza está em estado de equilíbrio perene e de que as sociedades costeiras se encontram em estado de harmonia com o ambiente marinho, procura-se mostrar que a inter-relação entre o pescador e o mar é marcada, concomitantemente, por movimentos ordenados e desordenados dotados de imanência e historicidade, centrando-se no conhecimento tradicional dos povos costeiros. Este conhecimento se expressa na unidade terra-mar-céu, domínios em que se desenvolve a cosmovisão e cognição do pescador artesanal sobre o ciclo da pesca, a náutica pesqueira e o preparo para a realização da atividade, conformando um saber bio-cósmico. Diante dos processos modernizantes que ameaçam a pesca artesanal principalmente pela pressão mercadológica cada vez mais intensa na atividade ocasionando a sobrepesca, juntamente com o impacto socioambiental da pesca industrial e expansão do turismo nos maretórios tradicionais da pesca artesanal que conduz às desordens destruidoras, propõe-se um diálogo de saberes que propicie um modelo de cogestão socioambiental em bases sustentáveis.