Esta é uma obra que nos convida a refletir sobre a nossa relação com o tempo. Há mais de vinte séculos, o poeta romano Virgílio já se debatia com as questões temporais, traduzindo com a sua famosa expressão – tempus fugit – a sensação de impotência que nos acomete quando o assunto é o tempo. Na contemporaneidade, a aceleração do ritmo das atividades – com suas demandas crescentes por eficiência, produtividade e informação – parece intensificar a fugacidade de tudo, confirmando a atualidade da expressão virgiliana.
Somos herdeiros de um certo modo de experiência com o tempo? Em que momento de nossa civilização ocidental a máxima "tempo é dinheiro" passou a assumir, enfim, status de verdade norteadora da existência, vinculando o tempo aos aspectos econômicos e produtivos do contemporâneo? Quais as variáveis sociais e culturais que se conjugaram, ao longo dos séculos, naturalizando a concepção temporal linear em detrimento da reversibilidade do tempo mítico e sagrado? Há ainda espaço, na atualidade, para outros modos de experiência?
A autora aposta que sim e, sob o olhar da psicologia, mergulha no universo monástico beneditino, revelando que os monges preservam, há quinze séculos, uma existência horológica definida pela Liturgia das Horas. Do contato com os monges, o leitor é convidado a conhecer as particularidades desse horologium vitae, que afirma sua singularidade temporal em face da relação utilitária e mercadológica das experiências temporais contemporâneas.