Ana Clara, da prisão de seu quarto, nos traz uma história de violência, crueldade e loucura em um tempo em que a lei era a força. Assim que Ana conhece Julião, seus destinos se fundem em uma saga de abusos, mentiras e poder que os leva à destruição. Ana busca o amor e a felicidade, mas em Julião só encontra a dor. Mesmo quando sua filha, Julia, vem ao mundo em meio a esse turbilhão, não consegue trazer a felicidade que ela tanto procura. Ana, cega nesse mundo de violência em que sua vida se transformou, não consegue ver nada, nem mesmo quem procura ajudá-la a sair da situação e de que se afunde mais naquele lamaçal. Quando Ana conhece Emanuel, pensa ter encontrado o carinho, a pureza e a delicadeza, mas mal sabe ela que sob a bruma que desce pelas pobres ruas de Pedra Preta dos anos trinta, não existem inocentes e que o tempo traz também a morte e a loucura que a tudo devasta. A ilusão de ter achado o amor leva Ana a encontrar o abismo da morte e da loucura, pagando com a sua sobrevivência o alto preço de remoer as suas lembranças e não se perdoar, esperando que a morte a leve. E, assim, o tempo vai aos poucos apagando a história, as marcas de tudo que aconteceu na antiga Pedra Preta, hoje Tunas, e que, ainda coberta pela bruma espessa que desce a noite, é palco do desenlace da busca de Ana Clara, não mais pelo amor, pela felicidade, mas sim pelo perdão que ela não consegue se conceder.