Apesar de ter ganhado espaço nos noticiários nacionais somente em 2021, a síndrome de Haff, também conhecida como doença da urina preta, registrou seu primeiro surto no Brasil em 2008, no estado do Amazonas, quando foi associado à ingestão de peixes da espécie pacu. Naquela oportunidade não foram verificados óbitos. De 2016 a 2017, foram relatados mais de 100 casos no estado da Bahia e ocorreram dois óbitos. Agora, em 2021, a doença de Haff mais uma vez está provocando prejuízos e dor à população das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Neste livro, os autores Edair Canuto da Rocha, Euseli dos Santos, François Silva Ramos e Claudéte Inês Kronbauer, apresentam uma perspectiva multidimensional do surto da doença da urina preta no município de Santarém, no estado do Pará. As medidas adotadas pelo governo municipal de Santarém, visando a prevenir a doença de Haff bem como os impactos na vida daqueles que dependem da pesca artesanal para sobreviver, no comércio local e na dieta da população foram abordados em uma perspectiva interdisciplinar para mostrar reflexos na saúde e na economia provocados pelo surto em 2021. Além disso, a obra provoca uma reflexão profunda sobre a precarização da Pesca Artesanal e vulnerabilidade econômica das famílias que sobrevivem da atividade pesqueira no e acende um alerta para a necessidade de políticas públicas que possam socorrer os trabalhadores e suas famílias. Uma obra instigante que demonstra compromisso com o conhecimento científico sem perder a sensibilidade em relação aos problemas que afetam a vida do povo brasileiro, em especial aqueles imersos na exclusão característica do capitalismo contemporâneo no contexto de mundo globalizado.